terça-feira, 23 de outubro de 2018

Erros que cometemos

Eu comentei no passado, no Peripatetices, sobre a viagem que fiz em 2012, de XJ6n. Naquela ocasião eu acreditava piamente que minha viagem estava super-planejada, que nada daria errado, seria tudo lindo, maravilhoso.
Bem não foi exatamente uma tragédia, não. Mas coisas deram errado.
Pequeno resumo: decidi ir para Rio das Ostras/RJ, de moto e sozinho, para o festival de jazz que acontece naquela cidade. Cerca de 1330 quilômetros de distância e um feriado prolongado. Comecei pelo equipamento. Já tinha jaqueta, calça, botas, luvas e capacete. Comprei alforges da Givi que vieram com capa de chuva removível. Já tinha bolsa de tanque também. A moto estava preparada, revisada e os planos todos em ordem. Sabia a hora de sair e a hora programada para chegar, fiz reservas em hoteis. Sabia que não queria de jeito nenhum passar pelo Rio de Janeiro, nem nas suas rebarbas. Sozinho, sem GPS e com moto grande eu seria alvo fácil caso errasse uma saída. Resolvi que iria pela serra, por Teresópolis, desceria por Magé e dali para Rio das Ostras um pulinho.
O que deu certo? Bem, a moto mostrou-se excelente na estrada; meu equipamento (à exceção das luvas "impermeáveis"), não fez água; o festival de jazz foi bacana; e a volta foi tranquila.
O que deu errado? Vamos lá.
Meu planejamento não levou exatamente em consideração o fato de que imprevistos acontecem. Pensei em chuva, pensei em trânsito, mas não pesei a distância. Deixei quase 800 quilômetros para fazer no segundo dia, em estradas de serra e áreas desconhecidas. E em vésperas de feriado prolongado...
Pois é, feriado prolongado. Só me dei conta disso para valer quando passei por Magé em direção à BR101. Lá me deparei com o monstruoso trânsito do feriado em direção à Região dos Lagos. Mas estava de moto e negociei rapidamente aquela lambança e me lancei em direção a Rio das Ostras. Mas perdi tempo pra caramba aqui e o cansaço cobrou seu preço mais tarde.
A chuva. Quando acordei no segundo dia e descobri que estava chovendo, permiti que meu ânimo caísse uns pontinhos. Nunca deixe que isso aconteça. Peguei trânsito monstro em BH, debaixo d´água e piorou depois, com a lama de minério na região de Barbacena. Fiz duas paradas neste trecho e numa delas notei que a água tinha entrado pelas capas dos alforges. Os alforges tinham um par de elásticos que teriam a função de mantê-los firmes junto da moto. Só que, com eles no lugar, a capa de chuva não "vestia" direito. E aqui a minha falta de atenção causou a entrada de água. Achei que os elásticos tinham que ficar no lugar e vesti as capas da melhor forma possível, não levando em conta a abertura que ficou do lado de dentro, exposta à água jogada pela roda traseira.  Deixei o desânimo tomar conta neste trecho e acabei perdendo muito tempo tentando tomar uma decisão. Decidi tocar e acabei chegando muito tarde e cansado a Rio das Ostras. A decisão certa teria sido assumir os erros, calcular bem o trecho que ainda restava e dormir por ali. Bastava ligar para a pousada e pedir para segurarem a reserva. Iria perder o primeiro dia do festival mas este era mais uma desculpa mesmo para viajar de moto. Eu teria seguido no dia seguinte, com tempo melhor, menos trânsito e chegaria antes do almoço com tranquilidade. 
Acho que o principal erro que cometi aqui foi o psicológico, o de me deixar abater, ainda que por pouco tempo. Como não conversei com nenhum amigo experiente antes, acabei acreditando que daria conta da distância. E ela não teria sido tão problemática se eu tivesse escolhido descer via Rio de Janeiro pela BR 040 e de lá pegar a 101. Mas como queria evitar a região metropolitana, achei melhor pegar a rodovia de serra, por Teresópolis. Foi bom e foi ruim. Uma melhor rota seria utilizada na volta, indo por Nova Friburgo.
Outro erro cometido foi não fazer paradas mais frequentes, o que eu tinha planejado. No decorrer da viagem, com os imprevistos, acabei por tocar e tocar e as paradas foram infrequentes. Nem fotos tirei. Logo eu, que fotografo tudo. Isso ficou mais aparente na volta. Toquei direto de Rio das Ostras até sair na BR040. Mais de 4 horas pilotando. E parei pouco no resto do dia pois percebi que tinha perdido tempo na serra e o tempo estava bom, apesar de que ventava muito. Toquei o pau e quando estava a 70 quilômetros de Caetanópolis o cansaço era quase insuportável. Parar para descansar não significa perder tempo na viagem, mas poupar seu corpo para passar mais horas pilotando. E nem precisa ficar muito tempo parado. Dez minutinhos já são suficientes. Coma um chocolate ou barrinha de cereal se não tiver outra coisa. Hidrate-se e estique os músculos. Revise o equipamento e reabasteça. Essas paradas estratégicas fazem maravilhas por você.
Outro erro foi com a bagagem. Não a escolha do alforge, mas do que levar. Como era comecinho de inverno, temi passar frio e acabei levando roupa demais. Desnecessário. De mais a mais, se faltar algo você sempre pode adquirir alguma coisa, a não ser que esteja no meio do nada, o que não seria meu caso. Com isso as malas ficaram pesadas e não se ajustavam direito na moto. No fim do primeiro dia, decidi reorganizar tudo e as coisas melhoraram um pouco. Naquela viagem eu ainda não tinha baú e o danado fez uma falta doida.
Finalmente, forma física. Andar de moto exige muito do físico, crianças. Então, faça exercícios, alimente-se direito durante a viagem e durma bem. Conheço gente que acha lindo dizer que fez 900 quilômetros num dia e que só parou pra abastecer. Só que você se desgasta e se desidrata de forma acelerada nessas condições e daí para desmaiar em cima da moto é um pulo. Não seja idiota.
Planeje, planeje, planeje. Mas deixe espaço para o inesperado.
Viaje sempre, viaje seguro.



sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Leis x civilidade

Ao me dirigir para o trabalho esta manhã, presenciei uma cena que se repete todos os dias. Há um retorno na avenida L2, com um semáforo. Quando não há trânsito, os carros que usam o retorno não esperam o sinal abrir, seguem como se nada estivesse acontecendo. Brasília tem câmeras, muitas câmeras, mas não naquele ponto. Aquele retorno permite acesso a uma importante área central e é muito utilizado. Não é o único lugar em que esse tipo de coisa acontece, obviamente, mas é sintomático do que vemos país afora. Apesar das reclamações de "indústria da multa" que muitos motoristas adoram fazer, no nosso país, cujo senso de civilidade anda tão combalido - senão moribundo - multar motoristas desobedientes parece ser a única saída.
Fico profundamente irritado quando converso com pessoas que estiveram recentemente em países como Canadá, Estados Unidos ou qualquer outro país da Europa, e são só elogios à organização do trânsito, à educação dos motoristas e aí seguem numa ladainha sobre como o brasileiro é mal-educado, como nosso país não tem jeito mesmo. São as mesmas pessoas que fazem manobras no trânsito sem sinalizar, que estacionam em local proibido com a desculpa de "é rapidinho", que furam o sinal vermelho porque "não vem carro mesmo".
É absurdo que o óbvio tenha que ser escancarado: as leis existem, você é que não as cumpre. Cinto de segurança foi tornado obrigatório por razões de segurança, mas só pegou quando multas começaram a ser aplicadas. Uso do capacete por motociclistas, mesma coisa. Uso de cadeirinha para crianças, idem (apesar que ainda vejo muuuuita gente andando com crianças soltas no carro, o que para mim é criminoso). Cinto de segurança para o passageiro? Respeito à capacidade de passageiros?
O brasileiro parece não ter noção de que trânsito organizado e respeito às leis diz mais a respeito dos próprios motoristas do que das autoridades responsáveis pelo trânsito. É uma questão de civilidade: respeito às leis. Na Europa não é preciso ficar avisando que o desrespeito a uma nova lei acarretará multa. O cidadão já sabe disso. Há muita discussão antes da aprovação de uma nova e mais abrangente regra, por isso, quando ela é implantada, parte-se do princípio que o cidadão já está a par dela e cabe a ele cumpri-la. Simples assim. 
Enquanto não for instalada uma câmera naquele retorno, para desespero dos apressadinhos, a irregularidade continuará a acontecer.
Certos desrespeitos são questão de mau aprendizado mesmo: ligar a seta somente no momento da manobra, por exemplo. Muito comum no Brasil, muito motoristas acreditam que é para constar, para, no caso de uma batida, ele poder dizer que ligou a seta. Antecipar-se no trânsito evita dissabores. O pisca serve para avisar a outros motoristas de suas intenções. Mesmo que seja uma simples mudança de faixa. Muitos carros hoje tem essa função na alavanca do pisca. Basta encostar que o pisca é acionado 3 ou 4 vezes, e serve para mudanças de faixa. Mas tem que ser utilizado ANTES que o motorista inicie a manobra.  
Ultrapassagens pela direita. Enquanto pensava nisso de manhã, imaginei se a proibição dessa manobra não seria um resquício dos tempos em que a maioria dos carros não tinham retrovisor no lado direito. A regra diz que a manobra é proibida, exceto se o carro a ser ultrapassado estiver indicando conversão à esquerda. Como ninguém faz uso correto do pisca, uma regra atrapalha a outra, percebe? É, não é fácil.
Resumindo: não adianta você ficar reclamando do DETRAN, da auto-escola, das multas, dos pardais. Se a regra existe e você tem conhecimento dela, obedeça. É assim que se faz um trânsito civilizado, com civilidade.
Dirija seguro. 

-- xx --

Para lembrar uma cantilena de uma campanha de trânsito do passado:  
"o carro é de lata
Você é de carne
 O carro amassa
Você morre"

Meio exagerado, mas dá para entender o sentido.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Fitness e viagens longas

Usei a expressão em inglês em sentido mais amplo que apenas o físico. Estar em boas condições físicas e mentais é essencial para encarar qualquer viagem. Não importa se você passará poucas horas pilotando ou várias semanas. Estar bem, realmente bem, é de suma importância. Lendo artigos lá e cá, acabei por compilar algumas dicas que acredito serem úteis para qualquer tipo de motociclista, em qualquer tipo de viagem. Não são dicas universais, nem tampouco são as únicas coisas a que se deve atentar em viagens, mas são pontos que podem fazer a diferença. Vamos lá:


1. Mantenha-se em forma. Não precisa se acabar na academia, nem fazer dietas malucas. Boa forma física significa resistência e rapidez de recuperação após dias difíceis. Isso quer dizer que você se cansará menos e, se tiver um dia "daqueles", um corpo em boa forma física se recuperará mais rápido. Boa forma física reduz a fadiga.

2. Alongue-se. Todo mundo conhece esta regra e tão pouca gente a coloca em prática. Quando você pilota, em qualquer distância, está usando músculos diferentes em relação ao seu dia-a-dia. Aprenda exercícios de alongamento, especialmente para pescoço, joelhos e pernas. Alongue antes, durante e depois de pilotar.

3. Mens sana in corpore sano. Isto é crucial, veja: em condições adversas ou não-familiares, você vai se concentrar mais. Quanto mais você se concentra, mas cansa e mais se estressa. Acostumar-se a dias longos pilotando ajuda a relaxar e a usar menos energia mental.  Estar em constante "estado de alerta" usa mais energia mental e causa cansaço mais rápido.


4. Preste atenção aos avisos. Quando estiver pilotando fora de estrada, em lama, cascalho, por exemplo, você se cansará rápido e seus braços ficarão doloridos de segurar o guidão. Qualquer indicação de desconforto é um aviso para fazer uma parada.


5. Experimente pilotar na chuva. Muita gente tem receio de pilotar na chuva, porque evita fazê-lo. Quando o faz é por pura necessidade e aí...dá-lhe tensão. Essa tensão significa gasto de energia, desconcentração e cansaço. Atente para seu equipamento pois, mesmo no verão, mãos molhadas significam mãos frias.

6. Pare para ir mais longe. Dê a si mesmo um tempo para descanso. Definitivamente, não tente acelerar em um trecho difícil, só para "passar logo" por ele. Um erro cometido nessa situação pode lhe custar muito caro. Planeje paradas em intervalos regulares. Pequenos descansos funcionam como "power naps", aquele cochilo de 5 minutos que às vezes damos no trabalho ou em viagens de carro. Dirigir por várias horas parando apenas para abastecer causará cansaço em demasia, que não dá para resolver com uma parada rápida. Já uma parada de 10, 15 minutos a cada duas horas (ou 200 quilômetros), com hidratação e a ingestão de algum alimento leve vai evitar que ocorra o cansaço acumulado.

7. Planeje seu dia. Calcule tempo extra para atrasos e imprevistos, além das paradas mencionadas acima. Nada pior do que pilotar com a pressão de estar atrasado ou de querer chegar logo.

8. Escolha e prepare bem seu equipamento. Sua roupa não deve causar calor, permitir que o frio se instale ou lhe deixar molhado. Faça passeios regulares equipado, antes da viagem, para se certificar de ter escolhido certo e para poder avaliar melhor seu equipamento.

9. Faça auto-avaliação. Está cansado após uma noitada? As condições vão estar mais difíceis por causa de neve, muita chuva, gelo ou areia? Está estressado porque não encontra seu telefone? Se sim, dê um passo para trás e respire fundo. Só parta se se sentir pronto para os desafios do dia.


10. Caso você esteja viajando com garupa, todas as dicas acima dobram de importância. Lembre-se: você é responsável pelo conforto e tranquilidade do garupa. Se ele estiver incomodado, vai incomodar você. Se ele estiver desconfortável, seja com o equipamento, com o assento, com o ritmo da viagem, isso afetará você diretamente. Certifique-se de que o garupa está confortável com seu equipamento e que tem noção real do que será a viagem. Combine sinais - caso não esteja usando intercomunicador - e intervalos de paradas. Não prossiga se seu garupa não se sentir bem. O garupa deve estar sempre atento ao que acontece à sua volta e ser capaz de antecipar uma ação do piloto. Uma boa interação entre os dois leva a uma maior confiança, o que leva a tranquilidade na viagem.

Viaje sempre. Viaje seguro. Ride on!

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Voltou mas ainda não acabou

Já mexeu em carro antigo? Não? Programas de TV que mostram super restaurações em pouquíssimo tempo são muito, muito otimistas. Não duvido que os feras realmente consigam fazer, eles só não contam a que custo.
Reformar aquele seu carrinho com mais de 30 anos (o Borges tem 40, 21 deles comigo) pode ser um bocado mais complicado.
Por várias razões, acabei escolhendo mandar meu carro pra longe, 1000 quilômetros pra ser mais exato. Os motivos principais foram funileiro bem recomendado, mecânicos de primeira na cidade (meu tio e meu primo) e o fato de que tenho família lá. Meu pai de vez em quando passava na oficina para ver como andava o serviço.
Muito bem. Depois de quase um ano, acabou. Voltei para buscar o carro e o virginiano aqui começou a achar defeitos. Bem verdade que a parte de funilaria e pintura foi feita a contento, não tenho do que reclamar. Os detalhes, nem tanto.
Borges voltou com a carroceria e a pintura sem defeitos, novos para-choques, lanternas, borrachas, novo para-brisa (o que estava nele foi danificado na retirada para os reparos). E veio com um monte de pequenos problemas que serão sanados ao longo do tempo. Aqui fica o alerta: um carro de 40 anos que precisou ser desmontado para reforma, vai dar um monte de problemas quando for montado novamente. É quase impossível que fique perfeito de cara. E isso deve-se a uma série de fatores: peças de segunda linha, borrachas novas que precisam assentar, a torção natural da carroceria, peças novas que não conversam com peças velhas e por aí afora. O fato do carro ter ficado semi-desmontado na oficina, pegando poeira, definitivamente também não ajudou.
A lista de coisas ainda por fazer é grande, mas, em essência, passa por uma limpeza profissional, o ajuste de portas, capô e tampa do motor, reforma do interior. O resto é miudeza: os discos de freio vão precisar ser retificados e as pastilhas lixadas pois na viagem de volta senti o pedal trepidar nas frenagens. Um pisca e o alerta ainda não funcionam. As rodas, apesar do combinado, não foram reformadas. Há ruídos cuja origem preciso identificar - também resultado da remontagem de um carro de 40 anos com peças novas e velhas misturadas. Quanto à mecânica, meu tio e seus asseclas fizeram ótimo trabalho. O motor está funcionando bem. A regulagem achei meio travada, mas já soltou bem na viagem de 1000 quilômetros para cá. A boia do tanque vai precisar de regulagem/substituição pois nos deu dois sustos na viagem, com o carro tossindo e engasgando em subidas com o tanque a 1/4 de sua capacidade.
Pequenos problemas:

- brucutu montado invertido
- mangueira do esguicho cortada
- botão da trava do capô todo respingado de branco (e o capô fecha, mas não trava, provavelmente  porque precisa de alinhamento)
- farol desregulado
- pisca dianteiro direito não funciona
- pestana externa direita precisa de troca
- pestana internas não foram colocadas (não serviram, segundo o funileiro)
- o para-brisas, apesar de novo, tem um mundo de micro-riscos, e requer um polimento
- limpeza completa profissional, por dentro e no porta-malas, antes da reforma do estofamento

Tudo isso vai ser resolvido aos poucos, mas vou dar prioridade ao pisca e discos de freio. Em seguida, a limpeza. As peças faltantes vão ser adquiridas e instaladas aos poucos.

Quanto ao interior, o plano é este:
reforma completa dos bancos com a recuperação da estrutura, dos trilhos e travas, etc. A padronagem será a original, mas manterei o banco com encosto de cabeça. Carpete de borracha e forração do teto também serão substituídos. O console de plástico vagabundo receberá uma forração, o que espero ajude a torná-lo um pouco mais sólido. O mesmo será feito com a nova caixa do porta-luvas, de plástico. Estou à procura de uma proteção para a soleira, de preferência de aço ou alumínio. Os painéis de porta serão refeitos de material mais resistente, mas manterei o kit duas vias na frente, com os tweeters no canto do parabrisa. Novas entradas de ar foram compradas e pretendo remover as maçanetas e manivelas internas para pintura. Feita a parte interna, vou pedir a re-instalação do som, com novos fios e conduítes, mas no mesmo esquema que tenho hoje. O rádio provavelmente vai pedir uma limpeza completa por dentro pois ficou instalado no carro e pegou muito pó. Mas funciona normalmente.
De volta ao aconchego da garagem,
na companhia da Dory
Parece muito? Talvez, mas o mais complicado e caro já foi. Aliás, meu pai me presenteou com o pagamento final do reparo. Thanks, dad! Isso vai ajudar a acelerar o complemento da reforma.
Então, inté.




terça-feira, 17 de julho de 2018

Bell Qualifier DLX Rally

Hello boyos and girlies!
Enquanto o Borges não sai do spa, vamos dar uma olhadela no meu novo capacete de uso diário. Como mencionei num post anterior, escolhi o Bell Qualifier DLX Rally para substituir o excelente Caberg HyperX.

Lamentavelmente, os Caberg não são mais importados para o Brasil e, como sabemos, por aqui não se consegue reposição de peças de capacetes com tanta facilidade. Com o casco ainda íntegro, o HyperX sofre do mal da acomodação. A espuma e, suponho, também a camada de isopor, cederam e o 56 virou um belo dum 58, só dá para usar com touquinha na cabeça. De qualquer forma, o HyperX cumpriu seu papel por 4 anos de uso diário.
Quando escolhi o Bell, tive que tomar uma decisão com relação ao fato de não estar equipado com viseira solar. Tenho certa sensibilidade à luz solar - resultado principalmente da cirurgia para correção de miopia a que me submeti há 13 anos - e viseiras mais escuras durante o dia são essenciais. Aqui em Brasília temos um inverno com dias muito ensolarados e luminosos. Com meu primeiro capacete, um LS2, eu carregava a viseira cristal na mochila ou no baú. Eu trabalhava à tarde e voltava para casa à noite e trocar a viseira era necessário. Não gosto e não é seguro andar com viseira escura à noite, além de ser ilegal. A troca era fácil, mas não tanto quanto no Bell, um dos melhores engates rápidos que já vi, pelo menos entre os capacetes que usei.

 O AGV K3 sofria do mesmo mal, mas como ele machucava minha testa, passei-o para a frente com as duas viseiras.
Ao fazer minha pesquisa descobri a existência das viseiras Transitions, tratamento já bastante conhecido por quem usa óculos.
É a velha e boa lente fotocromática, ou seja, escurece na presença de luz forte. O preço no Brasil é proibitivo, passa dos 850 temers, bem mais caro que o próprio capacete, que saiu por 600 na Masada, com frete grátis. A solução foi descobrir alguém que pudesse trazer uma para mim dos EUA, onde ela custa cerca de 140 trumps. Aí alguém vai dizer: "mas pagou caro mesmo assim, ó o dólar como está alto!". Verdade. Só que, por causa do meu trabalho, tenho conta em banco nos EUA onde ainda tenho algumas doletas, que nunca foram convertidas, assim o que paguei em dólar, paguei realmente em dólar.

A viseira, que adquiri na Revzilla, chegou trazida por um colega de trabalho. Produto original, com a diferença da logomarca no canto superior esquerdo.
Como eu disse, o AGV machucava a minha testa. Bem, parece ser mal de capacetes mais..."esportivos". Recebi o Bell na segunda e, no domingo seguinte, fiz um passeio de 5 horas em estrada. Foi uma tortura a partir da segunda hora. O danado espreme o topo da cabeça como uma morsa e as últimas horas foram muito difíceis. Decidi que não usarei o capacete por longos períodos até sentir que ele assentou. Capacetes tem diferentes formatos de casco e de componentes internos. O ideal é poder adquirir um capacete com as forrações personalizáveis, com camadas de espuma que podem ser removidas para um melhor caimento. Só que estamos no Patropi e esses capacetes são raros e caros demais.
Vamos ao capacete. Os Bell são considerados capacetes intermediários, em qualidade e preço. Mas, vale uma observação: pelo preço, eles entregam ótima qualidade. Assim, a escolha vai pela relação custo x benefício. Eles passaram a ser importados há não muito tempo para o Brasil e, aparentemente, vieram num lote enorme antes da alta do dólar, pois ainda estão disponíveis a bons preços. Minha fonte inestimável de avaliações, a WebBikeWorld, fez avaliação desse capacete em 2016 e os resultados foram animadores. Pude experimentar um Qualifier comum (o DLX é o modelo "de luxo") e achei confortável. O capacete tem suas forrações removíveis e laváveis, a cinta jugular é acolchoada e tem o sistema de fivela duplo "D".
Vem com bavete e narigueira removíveis também. O DLX aparece na possibilidade de utilização de sistemas de comunicação embutidos no compartimento do lado esquerdo:
Ele acomoda o Bell Sena SMH10, além dos Cardo Scala Rider Q1 e Q3.
O destaque deste modelo é seu sistema de ventilação, com 3 entradas: no queixo, na testa e no topo do casco, com uma saída única na parte de trás.





As três aberturas são de manuseio muito fácil, mas no nosso clima é muito difícil dizer se estão fazendo algum efeito.
O modelo Rally tem esse grafismo clássico com a "speed stripe" correndo ao longo do capacete. A pintura é de boa qualidade com acabamento fosco, quase imune a marcas de dedos e outras nojeiras.
O tecido da forração é agradável ao tato e tanto ele como a espuma são de boa qualidade.
Confesso que é o primeiro capacete que tenho com a fivela duplo "D", que requer algum costume. Mas isso vem rápido.
Pesa, segundo o fabricante, cerca de 1500g. Parece mais leve. O padrão DOT é considerado ultrapassado no mercado internacional, pois só é utilizado pelo americanos. De qualquer forma, aplicou-se a norma 7471 do INMETRO para sua homologação no Brasil.
Quanto ao uso propriamente dito: não é dos mais silenciosos e entra vento. Nada disso é problema grave, a não ser para aqueles que se recusam terminantemente a usar protetor auricular. Aliás, abro meu parênteses aqui: este é o melhor capacete que já tive para uso com protetores auriculares. Alguns modelos tem a forração muito justa na altura das orelhas, o que pressiona e causa dor. No DLX Rally as orelhas ficam num ótimo espaço vazio e não senti a pressão em nenhum momento. Crianças: não peguem estrada sem usar protetores auriculares.
Quanto ao vento que entra, deixa de frescura e use uma pescoceira ou lenço, cachecol, qualquer coisa. Resolve seu problema e, quando você quiser refrescar, é só tirar que vai entrar vento que é uma beleza. Não existe equipamento perfeito e nenhum funciona igual para todo mundo. Sempre busque o que mais funciona para você.
Vou fazer uma atualização em breve, depois que utilizar mais a viseira Transitions. 

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Drops

David me mandou mais algumas fotos hoje.
A fase final de montagem está...bem, nos finalmentes.
O David tem-se mostrado um sujeito muito atencioso. Colocou lentes novas e as envernizou, para maior durabilidade. As lentes de acrílico que eu já tinha vão ficar de reserva.
Comprei protetores de soleira. Não achei do tipo e material que eu queria, mas proteger as soleiras é mais importante.

Detalhe da roda, reformada, com capinhas cromadas de parafuso, outra iniciativa do David.
Finalmente, uma curiosidade: o David me diz que achou a chave reserva escondida sob um pisca. Não me lembro de tê-la colocado ali, então deve ser obra do dono anterior ou do meu pai. De qualquer forma, o miolo já foi trocado e a chave reserva está muito bem guardada. 
O fim, cada vez mais próximo. 

terça-feira, 19 de junho de 2018

Nove meses e vai nascer a criança

Nove meses de trabalho e eis que o valente Borges entra na reta final. Estas são as fotos da fase de preparação para a pintura, e da pintura propriamente dita.









O David acha que consegue entregar o carro para a montagem do motor ainda esta semana. Agora é torcer para que tudo corra bem e em algumas semanas vou poder buscar o Borges.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Out with the old, in with the new: Bell Qualifier DLX Rally

Já se vão quatro anos desde que adquiri o Caberg HyperX. Dia desses, examinando-o cuidadosamente, notei como estava ficando gasto. Pudera, o pobrezinho é o capacete do dia-a-dia, na bateção, tira e põe, lava, monta, usa de novo, bate-e-volta, etc.
Uma pena não termos mais importação dos Caberg no Brasil, pois são ótimos capacetes. Ainda tenho o Sintesi, que está em ótimo estado, pois é muito pouco usado, e foi adquirido em 2016. Explico: o Sintesi é bem fechado e mais pesado, e assim não é muito apropriado para o uso no dia-a-dia. Eu alterno com o HyperX em dias mais frios, ou naqueles bate-e-volta. 
Comecei a bater cabeça para escolher um novo. Não gosto de grafismos rebuscados, prefiro cores sólidas, de preferência claras.
Se grana não fosse um impedimento, compraria um Shoei. Mas...convenhamos, pagar quase 4 mocas num capacete é para poucos. A Shoei tem vários modelos, rígidos e escamoteáveis, como o novo Neotec II, que são muito bacanas e com grafismos comedidos, além das cores sólidas.
Bem, vamos para o degrau debaixo. Acho que já comentei aqui algumas vezes que prezo muito a opinião do pessoal da WebBikeWorld, que faz avaliações sérias e não fico de nhém-nhém-nhém por causa desta ou daquela marca. Também não se atém a avaliações de produtos apenas de marcas famosas. Então, fui lá ver o que eles tinham avaliado recentemente. Queria ver algum LS2 ou até mesmo os Givi que acabaram de desembarcar no Brasil e que tem grafismos interessantes, boa construção e bons preços também. Não é segredo que sou fã da Givi e cheguei a considerar seriamente adquirir um de seus capacetes.

Mas, ao fuçar no site da WBW, via  avaliação do Bell Qualifier DLX (o DLX significa "de luxe"). Os Bell são considerados capacetes na faixa intermediária, mas que entregam excelente relação custo-benefício. Eis algumas considerações da WBW:

"O Bell Qualifier tem tudo o que um capacete mais caro tem, então por que pagar mais? Você pode gastar muito mais e ainda não ter a possibilidade de usar a viseira Transitions e a possibilidade de usar intercomunicador ´plug-and-play´. E tem mais, o sistema de ventilação está entre os melhores do mercado e vem com garantia de cinco anos". 
Essa avaliação é de 2016 e de lá para cá pouco mudou no modelo. 

Fuça, olha, faz conta e acabei escolhendo o Qualifier DLX Rally Titanium.

Apesar da cor ligeiramente escura, ele é fosco e o grafismo clássico não vai sair de moda. A viseira vou tentar encomendar nos EUA.
Esse modelo, nos EUA, custa cerca de USD 280.00. A viseira Transitions sai por cerca da metade disso. Aqui, estranhamente, o capacete custou R$ 600,00 e a viseira custa absurdos R$ 850,00.
Por que a viseira Transitions? Ora, observe que o DLX não tem viseira solar interna. A saída seria adquirir também a viseira escura, como já fiz no passado, nos tempos de LS2 e AGV K3. O que é um pé-no-saco. Com a Transitions, isso se resolve, pois ela é fotocromática.
O "plug-and-play" do intercomunicador é exatamente isso. Alguns modelos Cardo e Sena simplesmente se acoplam ao capacete, em terminal instalado sob a portinhola do lado esquerdo. Aceita os Cardo Qz, Q1 e Q3 e Sena SMH10.
O bicho deve chegar em uma semana, mais ou menos, e aí farei uma avaliação mais profunda.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Giro de domingo

O que fazer num domingão de sol?
Exato, fazer algo que não fazia há muito tempo: subir na moto e dar um rolê meio sem rumo. Só que desta vez não foi exatamente sem rumo. Há tempos que venho querendo pegar uma estradinha de terra com a Dory, só para ver como ela se comporta e eu também. Saí de casa, peguei a DF002, depois a 003 e finalmente a 001. Essa estradinha, também conhecida como EPCT - Estrada Parque do Contorno, já foi totalmente de terra. Hoje ela está asfaltada até a entrada da DF170. A partir daqui, a estrada que em outros tempos foi de terra batida, hoje está coberta de um cascalho grosso, um bocado desafiador, pois desestabiliza bastante a moto. O que revelou ser um ótimo exercício.
Da DF170 passei direto para a DF206 e segui até encontrar a BR080.
Depois de um trecho de asfalto até Brazlândia, tomei a DF220 até o ponto onde esta encontra a 001 novamente. Acabei completando assim o laço. Foi bom. Vou fazer de novo, mas no sentido oposto.









Logo ali acaba o asfalto


Chegando em casa fiz a manutenção, limpando o excesso de poeira e engraxando a corrente

Os pneus Tourance Next não são apropriados para o off-road, mas nas estradas
por onde passei não fizeram feio


Reidratando