sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Manticaina

Férias, finalmente. Resolvemos fazer uma viagem de moto em direção às Serras da Mantiqueira e da Bocaina, passando por Holambra, na volta. Foram 2600 quilômetros nesta primeira perna da viagem.


O primeiro dia foi o mais longo (pouco mais de 700 quilômetros), mas foi cumprido em cerca de 9 horas, entre Brasília/DF e Formiga/MG.

Fez bastante calor na estrada, mas o trajeto foi tranquilo, sem grandes sobressaltos. Virgínia se comportou muito bem, mas nós sentimos muitas dores e cansaço neste primeiro dia.

Alvorada em Formiga/MG

De Formiga a São Lourenço/MG foi um trajeto bastante agradável, apesar do calor que já se anunciava. Mas com uma distância menor a percorrer, saímos mais tranquilos.
Em São Lourenço nos hospedamos na agradabilíssima Pousada Le Sapê.
São Lourenço/MG faz parte do Circuito das Águas que tem cidades como Caxambu, Lambari e Camanducaia.

Seu principal atrativo é o Parque das Águas, localizado no centro da cidade e que possui, além da bela área verde, as fontes de águas naturais, de diversos tipos, como a carbogasosa, a ferruginosa e a sulfurosa. A mais célebre é a fonte Vichy. Só há duas dessas no mundo, sendo que a outra fica em Vichy, na França. 

Fonte Vichy


Edifício do spa/balneário, visto por trás

Fonte Ferruginosa

A região onde se localiza São Lourenço é rica em opções de passeios, como trilhas, visitas a outras cidades do circuito, gastronomia e ainda conta com o Trem das Águas, uma maria-fumaça que faz um passeio de 20 quilômetros aos fins de semanas e feriados. Achamos um bocado caro (R$ 100,00/pessoa) e por isso preferimos não fazer o passeio. 
A estação de São Lourenço está muito bem conservada, assim como os trens e vagões.
Obviamente, o destaque desta cidade vai para a gastronomia. Há opções para todos os gostos, desde hamburguerias como a Vintage Burgueria, bistrôs franceses como o St. Laurent e restaurantes tradicionais como o maravilhoso Casarão.
São Lourenço conta ainda com um teleférico, que preferimos não conferir (não me sinto nada confortável naquelas cadeirinhas...).




A dica de pousada aqui vai para a Pousada Le Sapê, que fica a parcos 3 quilômetros do centro da cidade. Está bem em frente ao "aeroporto" da cidade, e os trilhos do Trem das Águas passam na frente da pousada. Com quartos confortáveis, 3 piscinas (uma aquecida), toboágua, sauna, restaurante e salão de jogos, esta hospedagem foi uma agradável surpresa. Equipe super-atenciosa e café da manhã com qualidade pouco vista por aí.


Aproveitei, no último dia, para fazer uma caminhada ao longo dos trilhos da maria-fumaça:






De São Lourenço a Cunha/SP são pouco mais de 160 quilômetros por belas estradas, mas com algum movimento, principalmente à medida em que nos aproximamos da Dutra (BR116). A BR459(SP171), ou Rodovia Paulo Virgínio, é também conhecida como a estrada Cunha-Paraty, porque liga as duas localidades. Com belíssimas paisagens e muitas curvas, é um paraíso para motociclistas. Mas atenção: algumas curvas podem pegar os desavisados de calças curtas. 





Cunha é uma cidade aprazível, com aquele toque interiorano, para o bem e para o mal. Há boas opções de hospedagem e gastronomia, mas como toda cidade turística pequena, espere um certo amadorismo.

Parque Lavapés, Cunha/SP

Igreja Matriz de Cunha/SP




Aqui recomendamos uma visita ao Mercado Municipal, onde é possível adquirir desde botinas a iguarias como deliciosas pastas de truta defumada (recomendo todas). Entre as opções de gastronomia, na cidade, recomendamos o restaurante e ateliê Drão, inspirado nos eetcafés holandeses, de onde vem o proprietário e artesão Gerwin de Koning. Além deste, a hamburgueria A Casa é bastante concorrida e tem ótimos sanduíches.

Não deixe, igualmente, de visitar a Casa do Artesão, que fica em frente ao Parque Lavapés (fotos acima). Recentemente renovada, apresenta trabalhos de artistas da região, além de doces, bijuterias e souvenires. No local também há um café.

De Cunha pode-se ir, por asfalto, a São Luiz do Paraitinga e ao Parque Estadual da Serra do Mar. Outros atrativos incluem a Pedra da Macela e o Olival.

Um dos atrativos mais populares da região - acho que pela facilidade de se chegar até lá - é o Lavandário, uma propriedade particular onde a lavanda floresce o ano todo e está sempre aberto para visitação (paga-se R$ 20,00/pessoa). Aqui pode-se caminhar entre os campos de lavanda (há oliveiras e outras ervas também), sentar-se à sombra para apreciar a belíssima paisagem, visitar a lojinha e adquirir os (caros) produtos feitos por eles ou ainda deliciar-se no café e na sorveteria (experimentem sorvete de lavanda).





Nesta estrada ainda podem ser encontrados outros restaurantes, pousadas, cafés - recomendo uma parada na Casa do Strudel. O local é pequeno mas o atendimento é caloroso e os strudels são muito bons. 

10 de setembro, domingo, meu aniversário. Já tinha decidido de antemão que desceríamos para Paraty para passar o dia lá. Sabe quando você não leva todos os aspectos em consideração? Quase que passamos o dia todo em cima da moto, subindo e descendo a serra da Bocaina. Um detalhe que não levei em consideração foi o fato de o domingo fechar o feriado prolongado de Independência. A estrada é estreita, cheia de curvas e, por cerca de 20 quilômetros, atravessa o Parque Nacional da Serra da Bocaina. O acesso à estrada para quem sai de Paraty passa por um bairro onde há uma ponte por onde apenas um veículo passa de cada vez. Na estrada há um ou dois trechos onde, da mesma forma, só passa um veículo por vez. Imaginou o tamanho do problema? Praticamente não há como parar nesta estrada. Exceto pelo mirante:




Ah, claro. Não mencionei, mas esta estrada faz parte da Estrada Real.
Na descida saímos de cerca de 30C para 16C, no trecho dentro do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Não tenho fotos desse trecho, mas tenho o vídeo abaixo, feito pela Bia, na subida. O detalhe é a neblina que baixou depois das duas da tarde. O mirante ficou quase invisível:


Perdoem os ruídos, não tive como inserir música no danado.
Paraty dispensa comentários, não? Mas, vamos lá com alguns registros fotográficos:







Segunda-feira foi dia de seguir viagem. Próxima parada: Holambra/SP.

Via Dutra de novo, engarrafamentos e muito trânsito até tomarmos rumo do interior, pela Rod. Dom Pedro I. 

A cidade de Holambra foi fundada em 1948 por imigrantes holandeses. 1948, aliás, é o nome do hotel em que nos hospedamos. A arquitetura do hotel pode não lembrar a Holanda. Mas, para quem lá viveu, como nós, foi fácil associar a arquitetura moderna com o que vimos por lá. Quartos modernos, extremamente agradáveis e confortáveis, a pouca distância do Boulevard Holandês, no centro da cidade. Há 3 restaurantes em frente ao hotel e um café adjacente. O Parque das Flores não fica longe, nem o anel viário. 


 A cidade lembra pouco uma cidade do interior paulista. Ruas largas, terrenos espaçosos e muita organização. Sim, eles tentam refletir a mentalidade holandesa em tudo. Nosso principal interesse em conhecer Holambra residia na vontade de matar a saudade de alguns "quitutes" que comíamos por lá: "bitterballen" (croquetes cremosos de carne bovina), "pannenkoek", a panqueca holandesa, "stroopwaffel", biscoitos recheados de caramelo macio (apesar de que estes consigo encontrar em Brasília) e, principalmente, "appelgebak", a famosa torta de maçã.

Chegamos em plena 40ª Explofora, mas esta só acontece mesmo nos fins-de-semana. Como tivemos a chance de visitar Keukenhof três vezes, não sentimos que perdemos muita coisa. Ainda tentamos ver campos floridos, mas aqui esses campos ficam longe das estradas e dos olhos. Só quem paga para visitar as propriedades produtoras conseguem vê-los.


Tirei essa foto antes de um vigia nos dizer que não podíamos fotografar ali dentro. Não entendi, mas a foto já estava feita.







No mais, digno de nota, neste ponto da viagem, foi o calor monstruoso que passamos a caminho de Uberlândia, onde dormimos antes de terminar a viagem em Brasília, no dia 14/09.
Em breve contarei um pouco sobre a ida a Aragarças/GO e Barra do Garças/MT. 
Ride on, ride safe!