O cara é super cuidadoso quando o assunto é a condução de sua motocicleta. Capacete de boa qualidade e sempre em ordem, com viseira sem riscos e cinta sem danos. Jaqueta apropriada, com proteções nos ombros, cotovelos e lombar. Luvas e botas. Tudo certo. Moto com a manutenção em dia. Qualquer um poderá concordar que nada mais falta para que esse motociclista saia em segurança para as ruas ou estradas, certo? Não totalmente.
No Brasil, uma questão ainda segue sendo amplamente desconsiderada pela comunidade motociclística e não se vê qualquer ação a respeito: a proteção auricular. Em alguns países, o uso de protetores por motociclistas é recomendado até mesmo para deslocamentos urbanos, principalmente se no trajeto o motociclista passar de 60 km/h. Sabemos que muitas motos possuem bolhas e parabrisas bastante protetores, mas mesmo esses deixam alguma turbulência atingir o capacete. Por aqui o protetor é ignorado solenemente até mesmo por motociclistas que pegam estrada com frequência.
Veja, uma conversa normal pode atingir até 60 decibeis. Um tiro a curta distância pode bater nos 140 decibeis e causar danos permanentes instantaneamente. Deve-se evitar a exposição prolongada, entre 75 e 80 decibeis, para evitar danos. Veja a tabela:
Nunca é demais relembrar que a audição, uma vez perdida, está perdida.
O ruído na condução normal de uma motocicleta gira em torno de 115 decibeis, suficiente para causar comprometimento auditivo. Em marcha lenta uma moto produz cerca de 80db. O assunto, portanto, é de suma importância.
Como evitar danos? Primeiro, muito cuidado na escolha do capacete. Diferentes modelos de capacete produzem diferentes níveis de ruído. Segundo e o mais importante: use protetores auriculares. Esses protetores devem ser do tipo descartável, como os usados por pilotos profissionais, e deve ter capacidade de redução de cerca de 30db, para um mínimo de eficiência.
O modelo mais conhecido e o mais utilizado é feito de uma espuma macia e é mais prático que o tipo feito com silicone, muito mais utilizado por nadadores. Algumas pessoas preferem os de silicone que, por serem moldáveis, ficam mais confortáveis, principalmente para aqueles cuja "anatomia de orelha" é peculiar.
Cabe lembrar também que esse tipo de protetor é muito útil inclusive em viagens de avião. Pode ser necessário um período de adaptação a eles, mas os benefícios são muito mais amplos do que o desconforto.
A utilização de fones não isenta o motociclista do uso de protetores. Fones não só não bloqueiam o ruído, como adicionam mais, se utilizados para ouvir música, o que convenhamos não é recomendável - e até proibido - quando se conduz uma motocicleta.
A colocação desses protetores é simples. Primeiro tenha o cuidado de manusear os protetores com as mãos limpas. Se o protetor for do tipo rolável, de uso único, role-o entre os dedos até que ele se alongue e diminua de espessura. Com uma mão por trás da cabeça, puxe a orelha para trás e insira o protetor no canal auditivo, girando-o, sem introduzi-lo demasiadamente. Alguns pilotos usam saliva para facilitar a colocação. Para retirá-lo, basta puxar a orelha e retirá-lo girando.
Apesar da recomendação de uso único, algumas pessoas reutilizam esses protetores. Tenha o cuidado de lavá-lo com água quente e deixá-lo secar. Não é o ideal, pois impurezas podem ficar presas ao material, mas se o motociclista não tiver pares de protetores suficientes para a viagem, a lavagem diária pode ajudar. Não utilize álcool, que estraga esse tipo de material, podendo causar esfarelamento.
O desconforto inicial será amplamente recompensado pela ausência de zumbido ao fim da viagem.
Seja esperto, proteja sua audição.
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