terça-feira, 27 de setembro de 2022

Primeira viagem com a Tiger 900 GT: impressões

Um ano após a aquisição, Virgínia finalmente caiu na estrada.

Foi uma viagem relativamente curta (1580 quilômetros ao todo), mas com bagagem e garupa, cidade, estrada e um pequeno trecho de terra.
Em um post anterior contei sobre os problemas enfrentados com suportes de malas/malas de alumínio desde que comprei a Virgínia. A primeira viagem dela foi também a viagem inaugural dos meus novos alforjes fabricados pela Saxon, cada um com 30 litros de capacidade, mais 4 bolsas extras de 6 litros cada. Viajei com duas das pequenas apenas, uma de cada lado, pois iríamos levar pouca bagagem. Minha preocupação com o peso sobre os afastadores de alforjes da Chapam me levou a utilizar uma fita de bagagem da Givi, passando pela alça do garupa, na tentativa de dar suporte extra.


Meu receio era de que o peso e o balanço da moto poderiam causar uma quebra do afastador que, convenhamos, não foi feito para suportar todo o peso da mala, apesar das garantias da Saxon.  Ainda pretendo tentar fazer uma trave entre os afastadores, de maneira a reforçá-los, a exemplo dos suportes de malas rígidas que tem essa peça. Ou...substituir os afastadores por um suporte de malas da própria Chapam, muito mais acessíveis que de certas outras marcas.

Os alforjes são bastante práticos, mas requerem criatividade na hora de arrumar as coisas dentro dele.
Optei por utilizar sacos do tipo "ziplock" grandes para acomodar as roupas. Como levaríamos praticamente só roupas de verão, camisetas, bermudas, etc., a escolha ficou mais fácil. Optei por itens de tecido técnico (dry fit) que não amarrotam e ocupam bem menos espaço que peças de algodão comum. Assim, ficou bastante fácil e compacto, pois é possível tirar o ar de dentro dos sacos e fechá-los.


Esse foi o primeiro teste, antes de tirar o ar dos sacos. A solução provou ser bastante funcional e devo continuar a utilizá-la, pois outra opção seria adquirir "cubos" de organização de mala. Estes, porém, não permitem que se tire o ar para ganhar espaço.

No suporte, fiz uma espécie de "almofada" com feltro auto-adesivo, para tentar evitar que os alforjes escorregassem. Mas para auxiliar a cola do feltro, passei fita crepe e isso tornou minha solução um pouco escorregadia. Com o calor que fez na segunda metade da viagem, eles simplesmente deslizaram pela barra superior.

Pretendo encontrar outra forma de recobrir a barra onde as presilhas de metal dos alforjes vão apoiadas. Elas escorregam bastante durante a viagem e acabam por afrouxar um pouco todo o conjunto. Assim como numa viagem com alforjes normais, a cada parada deve-se reapertar tudo.

Malas aprovadas mas...e a moto?

Primeira parada do dia: Paracatu/MG

Esse era o grande mistério. O amigo Aluízio já tinha viajado com a Tiger Rally duas vezes e seus comentários foram muito positivos. Mas ele viaja sozinho e com malas de alumínio. Meu setup é um pouco diferente.

Já tinha percebido, nas poucas saídas em estrada que fiz na região, que a bolha da 900 é infinitamente superior à da 800. Esse fato ficou comprovado na viagem, pois a sujeira no meu capacete foi mínima. Nunca tive que limpar tão pouco a viseira. Já o da minha garupa...Bia viaja numa posição mais elevada - além de ser mais alta que eu - e por isso o capacete dela sujou mais. 
Em velocidade, a turbulência é mínima. O menor arrasto dos alforjes em comparação às malas rígidas também se fez sentir.

Rodei a maior parte do tempo a 120 km/h, não por acaso minha velocidade preferida em viagens, de moto ou de carro. A essa velocidade, com garupa e bagagem, o motor girava a cerca de 4200rpm. Nada mau. Vibrações mínimas e motor cheio de fôlego para as ultrapassagens.  Já a 130 km/h as vibrações aumentam muito (motor a cerca de 4700rpm) e chegam a incomodar. A 140 elas voltam a diminuir, mas diminui também - drasticamente - a autonomia, que nesta viagem foi de cerca de 19,6 km/l de média, de acordo com os 2500 japoneses a bordo. A foto mostra a média na primeira perna da viagem.

Um dos principais problemas que tive com a 800 foi o fato de, por ser a versão low seat, tinha não só o assento mais baixo, mas menos curso de suspensões e estas são recalibradas para suportar o mesmo peso com menos curso. O resultado são suspensões mais firmes, mas que batem com facilidade no fim de curso, principalmente com a moto carregada. Além disso, a carga máxima é de apenas 140kg contra os 220kg da 900 normal. Antes da viagem consegui os novos ossos de cachorro e o valor do rebaixamento agora é de 2cm, contra 3cm do primeiro kit que instalei, da Skydder. Ainda preciso ficar atento para os locais de parada, pois em certas condições, com garupa e bagagem, fica difícil recolher o descanso lateral. Nada de mais, mas requer atenção.  Viajei com a pré-carga da mola ajustada em 26 voltas (a recomendação da fábrica é de 30 voltas, ou seja, carga máxima), e 2 voltas no ajuste do retorno. Na perna final, coloquei para 28 voltas e 2,5 no retorno.
O resultado foi uma moto muuuuuuito mais confortável em comparação com a low seat, com absorção da grande maioria dos defeitos da estrada, em especial as cabeças de ponte. Apesar de ainda ter ficado um pouco "oingo boingo", melhorou bastante o conforto e não chegou a prejudicar a estabilidade.

Chegada no Arraial do Conto Hotel e Lazer, em Cordisburgo/MG.

O trecho de terra que teríamos de enfrentar era de apenas 4 quilômetros. Nesta época do ano sabíamos que encontraríamos muito cascalho e poeira. Os primeiros 900 metros me fizeram tirar a mão, pois o cascalho solto, combinado com a frente da moto meio leve, me deram alguns sustos. Nada de mais, mas a cautela falou mais alto. Encontramos muitos carros no caminho, já que era horário do check-out do hotel. Na terça-feira fui para a cidade para visitar a Gruta do Maquiné. Diminuí bastante a pré-carga da mola, já que iria sozinho. Acabei indo devagar e não mudei o mapa para off-road.

Foi bem mais tranquilo, mas preferi não abusar, já que estava de bermuda e tênis. Dá para levar o off-road leve numa boa, mas os pneus 90/10 dão sinais bem claro que a praia deles é outra.

Acho bom acrescentar que, na véspera da partida, descobri uma economia besta da Triumph: o jogo de ferramentas não traz uma chave de roda, essencial para o ajuste da corrente. Tive que sair às pressas atrás de um mecânico que tivesse uma chave tamanho 27 para fazer o ajuste. Felizmente não precisei ajustar a corrente durante a viagem, mas vamos falar sério, hein dona Triumph. Enfiam um carregador de celular - inútil na minha opinião -  embaixo do banco, mas deixam a chave de roda de fora do jogo de ferramentas que, aliás, acabou debaixo do banco do piloto.
Já providenciei um soquete de 27mm que fará parte do kit de ferramentas adicionais para as próximas viagens.
Enfim, uma moto ainda mais capaz que a 800, com seus pontos negativos já que moto nenhuma é perfeita. Que venha a próxima viagem.
Ride on, ride safe!