Quilometragem final |
7.143 quilômetros rodados, de acordo com o odômetro da Dory. Essa foi a quilometragem total nesta viagem que teve calor, frio, vento, excelentes estradas, outras nem tanto.
Não farei um relato dia a dia, mas um apanhado das experiências.
Usei a hashtag advtravel no Instagram (@toncassiano), mas isso é discutível. Alguns por aí diriam que viagem de aventura significa sair do asfalto, cair em estradas difíceis, terrenos complicados e locais inacessíveis (ou quase). Sou mais democrático. Se você é daqueles que raramente viajam e encaram qualquer viagem como aventura, seja feliz.
Nossa programação previa mais ou menos 7000 quilômetros, aferidos via Google. Saímos pouco do programado pois os passeios eram todos próximos dos locais que escolhemos para pernoites. E mesmo nesses locais, demos preferência para passeios a pé. Exceção a ser mencionada foi a ida a Fray Bentos, quanto estávamos em Paysandu.
Tentei manter o controle dos abastecimentos, mas depois que entramos na Argentina, acabei abandonando a prática, então não terei números precisos para apresentar.
A saída de Brasília aconteceu às 8:30 da manhã do dia 10 de agosto. Nosso roteiro previa pernoite em Araçatuba, a cerca de 840 quilômetros de Brasília. Nada fora do programado aconteceu, e a rota, nova para mim, mostrou-se interessante. Boas estradas, belas paisagens, calor.
Rio Grande, na divisa entre os estados de Minas Gerais e São Paulo - MG426/SP543 |
Eu, César e Marcelo |
Uma ocorrência comum nesta viagem foram as poucas paradas para fotos, que explicarei mais tarde. Mais próximo de Araçatuba, no fim da tarde, passamos pelo rio Tietê, que nos brindou com este show:
Ficamos no Hotel Íbis Araçatuba, que recomendo. No ranking "Chuveiros da Viagem", figura no top 3. À noite, a fome e a sede foram aplacadas com uma ida ao Peixe Frito, uma ótima opção na cidade.
O dia seguinte previa 747 quilômetros e uma parada em Pirapozinho para um alô lá em casa, afinal era domingo, dia dos pais.
A parada foi rápida, tempo apenas para beijos e um papo rápido regado a café e quitutes. Aproveitei para fazer um sanduba para comer mais tarde.
Mamis, papis, eu e Marcelo em foto tirada pelo César. |
O dia, que começou fresco, rapidamente descambou para um calorão daqueles e as camadas de roupa foram parando no baú. Boas estradas, pedágios caros, sol e nosso companheiro inseparável da viagem, a partir de Maringá: o vento.
As garupas, Bia e Marília, já estavam em Foz, nos esperando.
Chegamos à tarde, mega-cansados, com muito calor. Em Foz o hotel escolhido foi o San Juan Eco Hotel, confortável, com bom chuveiro - até aqui, ainda no top 3 - e ótima localização, não muito longe do parque das Cataratas. Longe do centro, no entanto. Achá-lo deu um pouco de trabalho pois nosso GPS, montado na moto do Marcelo, insistiu em se perder. À noite, na companhia do Elton, irmão do Marcelo, que mora em Ciudad del Este, fomos à Martignoni Pizzaria, rodízio, bem ao lado do Hells Dog, que também nos tinham recomendado.
Nossa programação previa uma parada de duas noites em Foz. No domingo, passeios às Cataratas, à Usina de Itaipu e ao Marco das Três Fronteiras. Vejamos algumas fotos:
Photo by Marilia |
Photo by Marilia |
Photo by Marilia |
Terça-feira, dia 13. O destino é Paso de los Libres, na Argentina, distante cerca de 640 quilômetros. Este seria o maior trecho a ser feito com garupas. O dia começou fresco, mas o vento nos pampas argentinos ajudou a fazer com que a temperatura despencasse. Este foi um dos dias mais frios da viagem.
Ponto positivo são as estradas, muito boas. Pegamos a Ruta 12 até Posadas e de lá tomamos a Ruta 14. Motos não pagam pedágio, um alívio depois do assalto que foram os pedágios no estado do Paraná. O primeiro entrevero da viagem aconteceu neste trecho quando fomos fechados por um caminhão que deveria entrar numa área de pesagem mas desistiu no último momento, quando já passávamos por ele. As placas eram do Paraná.
Ponto positivo são as estradas, muito boas. Pegamos a Ruta 12 até Posadas e de lá tomamos a Ruta 14. Motos não pagam pedágio, um alívio depois do assalto que foram os pedágios no estado do Paraná. O primeiro entrevero da viagem aconteceu neste trecho quando fomos fechados por um caminhão que deveria entrar numa área de pesagem mas desistiu no último momento, quando já passávamos por ele. As placas eram do Paraná.
No fim da tarde, semi-congelados e muito cansados, finalmente Paso de los Libres. Acabamos por ficar em hoteis distintos. Cesar, Marilia e Marcelo escolheram o Imperial e eu e Bia ficamos no Millenium. Nossa escolha foi mais feliz, apesar do chuveiro sem pressão. Negócio de família, Edgard e Silvia (se minha memória não me trai) foram muito receptivos e extremamente simpáticos. D. Silvia até conseguiu uma garagem no vizinho da frente onde pude estacionar a Dory.
À noite jantamos no Restaurante Casino Rio Uruguay. Local bastante tradicional, mas de boa comida e bom atendimento.
A quarta-feira amanheceu fria, mas a previsão era de ligeira elevação ao longo do dia. A travessia para Salto, no Uruguay, foi super-tranquila. Os funcionários da imigração uruguaia já davam uma amostra do que seria a viagem dali para a frente. Todos muito simpáticos. Marcelo começou a fazer sucesso aqui, quando um monte de gente pediu para tirar fotos com sua moto.
A travessia é feita sobre a barragem de Salto Grande (foto abaixo). Este trecho, de 274 quilômetros guardava a tensão pela aproximação com a província de Três Rios, notória pela ganância de seus policiais. Não tivemos problemas em ponto algum da Argentina. Passamos por vários pontos na estrada, policiados, e só recebíamos acenos e nos mandavam seguir viagem.
Salto, cidade e capital do departamento de Salto, distante a 498 quilômetros de Montevidéu, tem hoje cerca de 104.000 habitantes, de acordo com o Censo de 2011.
Muito agradável, tem um quê de cidade pequena. Tem uma rua central de comércio com calçadas largas, praças e uma "costera", passeio à beira do rio, arborizado, com vários locais para se curtir a paisagem com tranquilidade.
Muito agradável, tem um quê de cidade pequena. Tem uma rua central de comércio com calçadas largas, praças e uma "costera", passeio à beira do rio, arborizado, com vários locais para se curtir a paisagem com tranquilidade.
O restaurante do Salto Hotel Y Casino resolveu o problema para os jantares. O restaurante La Trattoria nos atendeu muito bem no almoço.
De Salto a Paysandu, nossa próxima parada, são apenas 120 quilômetros. Em Paysandu passaríamos duas noites, pois há várias outras cidades para se visitar na região.
Talvez sem o mesmo charme de Salto, Paysandu guarda resquícios de um passado rico, evidenciado pela arquitetura presente no centro histórico, que nos pareceu carente de projetos de revitalização. Maior e mais populosa que Salto, concentra igualmente atividades náuticas e uma "costera" bem realizada e assiduamente frequentada, principalmente nos fins de tarde, onde se pode apreciar cenas como estas:
Já o Centro Histórico mostra alguns sinais de abandono, apesar da riqueza arquitetônica:
A avenida principal deste bairro, aliás, chama-se Avenida Brasil.
Aqui, o Frigorífico Anglo (no Brasil, entre outros produtos, tínhamos as salsichas tipo viena, enlatadas), que durante décadas moveu a economia da cidade e ajudou a impulsionar as exportações uruguaias, virou atração e museu e hoje exibe o título de Patrimônio Histórico da Humanidade, concedido pela UNESCO. Passei, na minha opinião, imperdível.
Acima, a estranha calmaria das águas do rio Uruguay.
Próxima parada: Colonia del Sacramento.