segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Mesmos rumos, novas estradas

Motociclistas não são muito fãs de fazer o mesmo caminho de volta que fizeram na ida numa viagem, sempre dão um jeito de fazer um laço.

Quando viajo para Pirapozinho/SP, onde moram nossas famílias, sempre fiz os mesmos caminhos, seja de carro ou de moto. Saindo de Brasília, pegava a BR040 e depois a 050, descambando na 153 (Transbrasiliana) e depois na SP425 (Assis Chateaubriand).  Passei depois a fazer a 060, 153 e SP425.

O problema é que o trecho entre Prata/MG e São José do Rio Preto/SP é um pé no saco, especialmente entre Frutal e SJRP. Aquele pedaço de BR153 entre a divisa de MG e SP e Rio Preto está sob concessão há décadas e nada de duplicação até hoje. É um trecho perigoso, com poucos pontos de ultrapassagem. 

Em 2019, quando viajamos para o Uruguai, dormimos em Araçatuba e o caminho que fizemos foi por dentro. Entenda-se por isso o seguinte: em Prata seguimos em direção a Campina Verde e Iturama e de lá seguimos na direção de Jales e Araçatuba. De lá, pegamos a SP300 e depois a SP425.

Em janeiro deste ano fomos de carro para lá. Só que quando passamos por Araçatuba, acabei por passar batido no acesso à SP300 e descambamos em Clementina/SP. Estradinha boa, pouco trânsito e que dá na SP425. Na volta, entrei antes e passei por Piacatu, Gabriel Monteiro e Bilac. Outra vicinal padrão SP, muito simpática, asfalto excelente e quase nenhum trânsito. Atravessar as três cidadezinhas é indolor.

Isso me deu a ideia de fazer sempre este caminho. Nestas férias, resolvi passar uns dias em Pirapozinho e fui de moto, sozinho. Escolhi dormir em São José do Rio Preto e o caminho foi este:


A diferença aqui foi entrar por Fernandópolis em vez de seguir para Jales. Dali a Rio Preto é tranquilo, até entrar na Washington Luiz, já em Mirassol/SP. Pelo horário, já quase no fim da tarde, o trânsito é intenso, mas no sentido oposto ao que eu trafegava.

Muito calor (39C) neste trecho, mas peguei 14C próximo a Cristalina/GO, pela manhã. Velocidade de cruzeiro de 120 km/h, pouco peso - apenas a bolsa no baú e duas extras da Saxon, presas no assento.

Primeira parada, Catalão/GO

N'algum lugar, depois de Campina Verde/MG

Já tinha decorado a localização do hotel e chegar lá não foi trabalho algum. Muito simpático, o staff do Cassino Tower arranjou um cantinho pra Virgínia e não precisei pagar os R$ 18 do estacionamento.


Na divisa entre MG e SP

Bati um hambúrguer na companhia do professor e amigo Álvaro e da Giovana no ótimo Good House e voltei pro hotel para uma muito merecida noite de descanso, pois estava moído depois das dez horas de estrada e 870 quilômetros rodados.

No café da manhã confirmei pelo Google Maps a minha rota para o segundo dia. Não queria ir pelo caminho de sempre, de jeito nenhum. Assim, subi pela Washington Luiz (SP310) em direção a Monte Aprazível e Nhandeara. De lá, tomei a SP461 em direção a Birigui. Esta estrada me levaria até Bilac e à vicinal que eu já conhecia. 


Ainda estava cansado e um pouco dolorido, decidi pegar mais leve. Queria ouvir música e por isso não usei os protetores auriculares neste trecho. Na véspera tive dificuldades em ouvir música com os protetores e só depois descobri que, no aplicativo do Cardo, vários limitadores estavam ativados e por isso o volume não subia muito. Fui a meros 105 km/h, curtindo muito o caminho e a paisagem. Esse caminho segue, na maior parte do tempo, paralelo à SP425, à qual adentro antes de Rinópolis. O caminho alternativo aumentou em apenas 30 quilômetros o trecho que teria de fazer. Cheguei cedo. Minha frustração foi não ver uma única barraquinha de frutas ou de caldo de cana e sucos no caminho. Tava doido pra dar uma parada. Parei num tal de café colonial Gramado, na SP425, do que me arrependi profundamente. Havia dois trechos em obra, com pare-e-siga. Esperar a pista abrir sob um sol de 37C, todo equipado não foi divertido. 

Em meio a trechos completamente queimados, esse lindão aí.


37C neste local

Para a volta já havia me decidido fazer o caminho que tínhamos feito em janeiro, entrando por Gabriel Monteiro e Bilac, passando por Araçatuba e dali até Prata, pra voltar pela BR050. Só que perdi o ponto de entrada, e fui até Clementina.


Tentei bolar uma rota para escapar deles, mas não teve jeito.

De lá, uma tranquilidade só. Saí com bons 22C mas aumentou rápido neste dia, que começou sem sol. Havia algumas nuvens e muita fumaça no ar.
Cheguei em Catalão/GO com muita luz ainda e pude descansar bastante.

Primeira parada da volta, em Campina Verde/MG. O caramelo ali no cantinho, curtindo a sombra e se deleitando com o visual.



Por fim, e sem novidades, o trecho final. Acho que não parei sequer para beber água. Cabe observar que as obras de duplicação em Catalão ainda não terminaram - e não devem terminar por um bom tempo - e sair da cidade está meio embaçado. De moto dá para tirar de letra. 
Como nos outros dias, um bocado de vento lateral. Peguei a estrada do algodão em Cristalina só para descobrir que a BR251 estava com obras de recuperação e com um pare-e-siga.

Assim, após cerca de 2.300 quilômetros e seis dias ao todo, muito cansaço e dores pelo corpo, cheguei em casa. A melhor marca de consumo foi de 24,2 km/l (!) em um dos trechos em que andei a 105 km/h e a pior foi 19,4 km/l. Muito bom. Virgínia foi impecável. O Scottoiler funcionou perfeitamente. O gasto de óleo foi irrisório - o sistema está completamente fechado, ou seja, pingando o mínimo possível devido ao fato de estar utilizando um óleo para temperaturas mais amenas -. Não foi preciso fazer ajuste na corrente nem limpeza.